Pages

5 de julho de 2010

Famílias que sofrem as consequências das chuvas dividem espaço em abrigos

Nesta segunda-feira (5), as primeiras barracas que vieram da Inglaterra começam a ser instaladas em Barreiros

Da Redação do pe360graus.com

Depois de perder casas e móveis por causa das chuvas, no Recife, algumas pessoas têm que aprender a dividir tudo em espaços comunitários. Essa realidade é enfrentada todos os dias nos abrigos.

O prédio de uma antiga escola, no bairro da Imbiribeira, foi alugado pela Prefeitura e transformado em abrigo. Virou moradia para 34 famílias que tiveram de sair de casa às pressas para salvar as vidas. Quem antes era vizinho divide agora o mesmo quarto. “Nesse quarto vivem oito pessoas, são cinco famílias”, disse a costureira Roseane da Silva Azevedo.

E para a convivência ser pacífica, há regras para tudo. Tarefas e horários foram estabelecidos em conjunto, e estão nos cartazes para ninguém esquecer. Assistentes sociais ajudam na conciliação, quando é necessário. No entanto, não tem sido fácil ficar longe de casa.

Era madrugada quando a barreira deslizou por cima da casa de Inalva Ferreira, 63 anos, no bairro de Dois Unidos. Ela está no abrigo há duas semanas. No local, o sono é mais tranquilo, ela não tem medo da chuva, mas Inalva está ansiosa para ir embora. “É muito ruim, porque a gente, na casa da gente, faz o que quer. Aqui tem hora para dormir, e para comer a gente tem que esperar pelos outros. Elas tratam a gente muito bem, mas em na nossa casa é melhor”, falou.

Em outro quarto, duas mães dividem as angústias. A água invadiu as casas delas, no bairro da Várzea. “Era só um barraquinho, mas era meu. Era bom porque lá tinha minhas coisinhas”, disse a dona de casa Lidiane Maria da Silva.

“O prefeito organizou um grupo gestor e estamos discutindo alternativas. Estamos dando todo o acompanhamento para elas terem o retorno”, afirmou a secretária de Assistência Social do Recife, Karla Menezes.

Ester, 9 anos, mostra como  a família, de 6 pessoas, sente saudade quando lembra de casa. “Eu prefiro como estava antes, porque eu estava na minha casa. Podia estudar e brincar”, contou. Antônia Cecília da Silva, mãe de Ester e de mais quatro meninos, está muito preocupada. Ela é faxineira e morava perto das casas onde trabalhava. “Agora fica difícil, porque não tem como ir trabalhar. Não tem nem dinheiro para a passagem”, lembrou.

Quem quiser ajudar as famílias que estão nos abrigos do Recife pode doar roupas, sapatos, fraldas e produtos de higiene pessoal, como pasta de dente e sabonetes. O material deve ser entregue no Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc), na avenida Visconde de Albuquerque, 297, na Madalena, ou na sede da prefeitura do Recife, no Cais do Apolo.

NO INTERIOR
Enquanto isso, já começam a ser instaladas, nesta segunda-feira (5), as primeiras barracas inglesas (fotos 2 e 3) que vão servir como casa para os desabrigados das chuvas no interior do Estado. Cerca de mil pessoas vão ser beneficiadas imediatamente em Barreiros.

As caixas vieram da Inglaterra, doadas a um grupo de ação humanitária do Rotary Internacional. Cada uma tem um kit completo de sobrevivência para ser usado em casos de tragédias que destroem cidades. São utensílios domésticos como talheres e fogareiro e uma barraca que ocupa uma área de 25 metros quadrados e pode abrigar até 10 pessoas.

As tendas vão permitir que fiquem, de novo, embaixo de um mesmo teto famílias que tiveram as casas destruídas durante as enchentes. O material é resistente e pode servir de moradia por até três anos. As primeiras 200 unidades, que podem alojar até duas mil pessoas, vão para o município de Barreiros. “A nossa luta é que cheguemos a 3 mil barracas, ou seja, abriguemos até 30 mil pessoas”, falou o governador do Rotary, Francisco Leandro de Araújo Júnior.

Ingleses do Rotary Internacional dizem que mil barracas já foram doadas à instituição e que outras duas mil são necessárias para os desalojados de Pernambuco e de Alagoas. Um deles, que também esteve na Indonésia logo depois do tsunami, disse que ficou impressionado com a destruição das cidades nordestinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário